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Grande estudo realizado em fazendas nos Estados Unidos não encontra nenhuma relação entre o câncer e o herbicida da Monsanto

13 de outubro de 2017
Foto: Fazenda de pesquisas da Monsanto perto de Carman, Manitoba, Canadá. 3 de agosto de 2017. REUTERS / Zachary Prong / Foto de Arquivo.

Matéria divulgada pela Reuters, no dia 9 de novembro de 2017, apresenta estudo publicado na Revista do National Cancer Institute (JNCI), que determinou não haver relação entre glifosato e câncer. No final desta tradução, veja o link para a notícia original.

Grande estudo realizado em fazendas nos Estados Unidos não encontra nenhuma relação entre o câncer e o herbicida da Monsanto

Kate Kelland

LONDRES, (Reuters) – Nesta quinta-feira, após um grande estudo realizado em longo prazo sobre o uso do herbicida glifosato, amplamente comercializado, por agricultores nos Estados Unidos, cientistas afirmaram não ter encontrado qualquer relação fundamentada entre a exposição ao pesticida e o câncer.

Publicado na Revista do National Cancer Institute (JNCI), o estudo determinou que não havia nenhuma associação entre o glifosato, o principal ingrediente no popular herbicida Roundup da Monsanto, “e quaisquer tumores sólidos ou neoplasias linfoides em geral, incluindo o linfoma não-Hodgkin (NHL) e seus subtipos”.

O estuda afirma que havia “alguma evidência de aumento do risco de leucemia mieloide aguda (LMA) entre o grupo com mais alta exposição”, mas acrescentou que esta associação foi “não estatisticamente significativa”.

As descobertas provavelmente afetarão os processos judiciais que correm nos Estados Unidos contra a Monsanto, nos quais mais de 180 autores alegam que a exposição ao RoundUp lhes causou câncer – alegações que a Monsanto nega.

As descobertas também podem influenciar uma decisão crucial que deve ser tomada até o final do ano sobre se o glifosato deve ser relicenciado para venda em toda a União Europeia.

Os países da UE deveriam votar sobre a questão na quinta-feira, mas, mais uma vez, não conseguiram concordar com uma proposta de extensão de cinco anos.

A decisão da UE foi adiada por mais de um ano depois que a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer da Organização Mundial de Saúde (IARC) analisou o glifosato em 2015 e concluiu que ele era “provavelmente cancerígeno” para os seres humanos.  Outros órgãos, como a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos, concluíram que o glifosato é seguro para o uso.

A pesquisa é parte de um grande e importante projeto conhecido como o Agricultural Health Study (AHS) [Estudo sobre a Saúde na Agricultura], que acompanha a saúde de dezenas de milhares de trabalhadores agrícolas, agricultores e suas famílias em Iowa e Carolina do Norte.

Desde o início dos anos 90, a pesquisa reuniu e analisou informações detalhadas sobre a saúde dos participantes e suas famílias e seu uso de pesticidas, incluindo o glifosato.

David Spiegelhalter, professor de Entendimento Público sobre o Risco na Universidade britânica de Cambridge, que não possui vínculo com a pesquisa, disse que as descobertas de quinta-feira eram resultado de um “grande e cuidadoso estudo” e não demonstravam “nenhuma relação significativa entre o uso de glifosato e qualquer tipo de câncer”.

Ele acrescentou que a possível associação com a LMA “não é mais do que seria esperado ocorrer por acaso” e não era um motivo de preocupação.

A Reuters divulgou, em junho, que um influente cientista tinha ciência de novos dados da AHS enquanto presidia um painel de especialistas que analisavam evidências sobre glifosato para a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) no início de 2015.

Mas, como isso não havia sido publicado na época, ele não contou ao painel de especialistas sobre o fato e a revisão do IARC não levou os dados em consideração.

A publicação do estudo na quinta-feira ocorre mais de quatro anos depois de os rascunhos baseados nos dados da AHS sobre glifosato e outros pesticidas terem circulado em fevereiro e março de 2013.

Em um resumo dos resultados, os pesquisadores, liderados por Laura Beane Freeman, principal pesquisadora da AHS no Instituto Nacional do Câncer dos EUA, afirmaram que entre os 54.251 aplicadores (de pesticidas) estudados, 44.932 ou 82,9 por cento usaram glifosato.

“O glifosato não foi significativamente associado de forma estatística ao câncer em qualquer local”, afirmou o resumo.

Scott Partridge, vice-presidente de estratégia da Monsanto, disse que os resultados do estudo demonstraram claramente que o herbicida era seguro.

“Este é o maior estudo com trabalhadores agrícolas da história, realizado durante o período mais longo”, ele disse à Reuters.  “É o padrão de excelência, … e definitivamente demonstra em um ambiente do mundo real que o glifosato não causa câncer”.

Reportagem de Kate Kelland, Edição de Gareth Jones

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Leia o texto original aqui.

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